sexta-feira, maio 06, 2011

Fábio Renato Villela >Pura

Eu queria
um amor sereno.
Desses, que me espere
no fim do dia
sem relato de proeza
ou acúmulo de riquesa.


Desses, cuja segurança
não se torne tédio
e cujo ciúme,
mostre-me querido
sem a sufocação
da posse por compulsão.


Desses, que me espere
com um guarda-chuva,
mas que na chuva
ande comigo.


Desses, que me leia
Homero
e chore pela dor
de Otelo.


Desses, que ria, lamente,
brigue e volte,
por saber que ambos
somos um.


Desses, que perfume
minha mala
e espalhe flores
pela sala.


Desses, que saiba
o quanto se diz
no silêncio que se quis.


Desses, que saiba
que a vida é breve
tempo
entre dois momentos.


Desses, que me beije
com paixão
e viva a ternura a dois
no gozo
do depois.


Desses, que se saiba
do fim da procura,
pois caminha comigo
a santa virgem
pura;
e a santa
puta
impura.

Um comentário:

Eunice Rodrigues de Pontes disse...

Será que há alguém que não queira um amor assim, sublime, total e completo?
Meus sinceros parabéns por essa beleza de poesia que transpira sensiblidade.
Eunice Rodrigues de Pontes